quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Yahweh e El: origem do deus de Israel e suas relações com os deuses e deusas de Canaã

Yahweh, antes de se tornar o deus nacional de Israel e tendo atributos monoteístas do século 6 a.C., era uma parte do panteão cananeu no período antes do cativeiro babilônico. Evidências arqueológicas revelam que durante este tempo os israelitas foram um grupo de tribos cananéias. Yahweh era visto como um deus da guerra , e igualado com El . Asherah , que foi muitas vezes visto como consorte de El , tem sido descrita como uma consorte de Yahweh em numerosas inscrições . O nome Yahwi pode possivelmente ser encontrada em alguns nomes amoritas masculinos e Yahu pode ser encontrado em um nome de lugar (topônimo).

El é uma palavra semita significa “divindade " . Na religião cananéia, ou na religião levantina como um todo, El era o deus supremo , o pai da humanidade e de todas as criaturas e era o marido da deusa Asherah como registrado nos tabletes de argila de Ugarit.O substantivo ʾel foi encontrado na parte superior de uma lista de deuses como o " Ancião dos deuses " ou o "pai de todos os deuses " , nas ruínas do arquivo real da civilização Ebla , no sítio arqueológico de Tell Mardikh, na Síria, e datado de 2300 a.C . O touro era simbólico para El e seu filho BaalHadad , e ambos usavam chifres de touro em seu cocar . Ele pode ter sido um deus do deserto, em algum momento, já que os mitos dizem que ele tinha duas esposas e construiu um santuário com eles e seus novos filhos no deserto. El era pai de muitos deuses, mas os mais importantes foram Ball- Hadad, Yam e Mot.

Eram Yahweh e El originalmente a mesma deidade ou não?

Qual era a relação entre Yahweh e o deus cananeu El? No Antigo Testamento Yahweh é frequentemente chamado El. A questão que surge é se Yahweh era uma forma do deus El desde o começo ou se eles eram deidades separadas que apenas se tornaram iguais mais tarde. O próprio Antigo Testamento indica um senso de descontinuidade como de continuidade, e tanto nas fontes E e P implicam que os patriarcas não conheciam o nome Yahweh até que este foi primeiramente revelado à Moisés (Exod. 3.15-15, E; 6.2-3, P), em contraste com a fonte J, onde o nome Yahweh já era conhecido desde os tempos primevos (Gen. 4.26). A fonte P afirma especificamente que os patriarcas já havia conhecido a Deus com o nome de El-Shaddai (Exod. 6.3)

No século dezenove J. Wellhausen ¹ acreditava que Yahweh era o mesmo que El, e mais recentemente isso tem sido particularmente defendido por F. M. Cross e J. C. de Moor ². Contudo, os seguintes argumentos podem ser usados contra isso. Primeiro, nos textos ugaríticos o deus El é revelado como sendo totalmente benevolente em sua natureza, ao passo que Yahweh tem um lado feroz bem como um lado amável ³. Segundo, como T. N. D. Mettinger ⁴ enfatizou fortemente, a evidencia mais antiga, tal como é encontrada em Juízes 5.4-5, associa Yahweh com a chuva, a qual não está de maneira alguma ligada com El. Pelo contrário, isso é uma reminiscência de Baal. Terceiro,como a visão de F. M. Cross de que Yahweh era originalmente uma parte do título de culto de El, “El o que cria as hostes” (‘il ḏū yahwi ṣaba’ōt), é pura especulação. A fórmula em questão não é atestada em lugar algum, quer seja dentro ou fora da bíblia. As razões para Cross pensar que yhwh ṣb’t não podem simplesmente significar “Senhor dos exércitos” , a saber, que um nome próprio jamais deveria aparecer na construção, é incorreta. Além disso, hyh (hwh) não é atestado no hebraico no hiphil (“causa a ser”, “criar”), embora este seja o caso no aramaico e no siríaco. Yahweh é em qualquer caso algo mais parecido com “ele é” (qal), que explica o nome Yahweh. Eu concluo, portanto, que El e Yahweh eram deidades originalmente distintas que depois se tornaram amalgadas. Este é o ponto de vista defendido por muito tempo por F. K. Movers ⁷, e tem sido mantido por estudiosos como O. Eissfeldt e T. N. D. Mettinger ⁸.

Referências Bibliográficas

1. J. Wellhausen, Prolegomena to the History of Israel, p. 433

2. F. M. Cross, Canaanite Myth and Hebrew Epic, Cambride, MA: Harvard University Press, 1973, pp. 60-75; J. C. de Moor, The Rise of Yahwism ( BETL, 91: Leuven: Leuven University Press and Peeters, 1990), pp. 223-60 (2nd edn, 1997, pp. 310-69)









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