A pesquisa do Pentateuco até os nossos dias
1. Tradição. - Na época posterior ao exílio, Moisés passou a ser considerado o mediador ou o redator da lei do Pentateuco, recebida de Deus, e isto ocorreu particularmente depois que a lei deuteronômica já havia dado um passo neste sentido. Esta opinião é documentada a partir do século V a.C. (Ml 3,22; Esd 3,2; 7,6; 2Cr 25,4; 35,12). O Novo Testamento pressupõe que Moisés tenha redigido todo o Pentateuco (Mt 19,7s; Mc 12,26; Jo 5,46s; At 15,21; Rm 10,5). Referências expressas se encontram, a seguir, em Josefo, em Fílon e no Talmude. A Igreja assumiu a tradição judaica de Moisés como autor do Pentateuco. Até o século XVII só raramente foi contestada esta teoria. Evidentemente surgiram sempre dúvidas expressas contra ela, mas não se pode falar que tenham sido uma investigação de sentido histórico. Orígenes se defrontou com as críticas de Celso contra a unidade e a origem mosaica do Pentateuco, enquanto outros santos Padres rebatiam dúvidas semelhantes da parte dos gnósticos. Na Idade Média, Isaac Ben Jesus (Gn 36,31 pressupõe a existência do reino de Israel), Ibn Esra e outros, e mais tarde Karl-Stadt, Masius, Pereira, Bonfrère e Hobbes, e no período subsequente também Peyrère ¹, Spinoza ², Simon ³ e Clericus ⁴, sobretudo, acrescentaram objeções isoladas de toda espécie, contra a autoria de Moisés. Não fizeram observações construtivas e que trouxessem real progresso. Deparava-se apenas com detalhes estranhos, sem que se buscasse um ponto de referência fundamental.
Constata-se, nesta altura, que o Pentateuco se apresenta na realidade como uma obra anônima sem indicação de autor e sem informação direta sobre a origem mosaica para todo o conteúdo. Deste modo, a tradição afirma, mais do que o próprio Pentateuco, sobre a proveniência deste. Somente algumas perícopes são atribuídas expressamente à autoria de Moisés, sem que isto, no entanto, corresponda necessariamente à realidade. Estas perícopes são:
o relato da batalha contra os amalecitas (Ex 17,14),
aquilo que se costuma chamar de Código da Aliança , (Ex 24,4),
o decálogo cultual (Ex 34,27),
a lista dos sítios dos acampamentos (Nm 33,2),
o "Deuteronômio" (Dt 1,5;4,45;31,9.24),
o cântico de Moisés (Dt 31,30)
A parte principal do Pentateuco, pelo contrário, não pretende ter sido redigida por Moisés, nem transmitida oralmente desde sua época. A partir do século XVIII uma série de pesquisas e argumentos decisivos e dos mais variados tipos vieram provar que esta constatação negativa corresponde à realidade. Para o momento, indicamos algumas das inúmeras passagens que sugerem uma época posterior a Moisés:
a) Estas passagens subentendem a instalação de Israel na Palestina: os cananeus estavam então naquela terra (Gn 12,6; 13,7). Canaã é chamada terra dos hebreus (Gn 40,15). A região a leste do Jordão é designada a partir da posição de quem se acha a oeste do Jordão, isto é, estando além do Jordão (Gn 50,10s; Nm 22,1; Dt 1,1.5)
b) Mostram-nos o autor distanciando em relação à época de Moisés: a fórmula até o dia de hoje (Dt 3,14;34,6 et passim), e não se levantou mais em Israel profeta semelhante a Moisés (Dt 34,10).
c) Pressupõem condições políticas da época posterior: o emprego do topônimo Dan, que data, no máximo, do estabelecimento de Israel na época dos Juízes (Gn 14,14; Dt 34,1); antes que os filhos de Israel tivessem rei (Gn 36,31); a lei relativa ao rei (Dt 17,14ss).
2. Tentativas de resolver o problema. - Se o Pentateuco não provém de Moisés, então se põe a questão de saber como teria surgido. Foi a partir das tentativas de dar uma resposta a estes problemas que se desenvolveram a pesquisa e a crítica do Pentateuco, que constituiu e constitui ainda hoje a parte mais considerável da ciência do AT. Devemos observar ainda que se trata de uma questão justa e necessária, e que são inevitáveis as tentativas de resolvê-la de modo o mais exato possível. A própria Exegese e a Teologia não podem prescindir delas.
O empenho em discernir cada uma das partes que entram na composição do Pentateuco e em determinar a época em que ele apareceu, bem como o de saber sua finalidade, deu origem a uma série de hipóteses, que funcionam como tentativas de solução. A pesquisa crítica teve dois precursores que logo foram esquecidos e não tiveram influência: o pastor B. Witter, de Hildesheim ⁵, que utilizou como critério de distinção sobretudo a alternância dos nomes divinos Javé e Elohim no Gênesis e reconheceu a existência de duas narrativas distintas da criação, mas não estendeu sua pesquisa a todo o Gênesis, e J. Astruc ⁶, que partiu igualmente da diferença dos dois nomes divinos, para distinguir no Gênesis a presença de duas fontes principais e de dez fontes secundárias que teriam sido usadas por Moisés.
a) A primeira hipótese dos documentos (Eichhorn, Ilgen) afirmava que o Pentateuco, do qual, quase sempre só se pesquisava o Gênesis, se originara de várias fontes ⁷. Segundo tal hipótese, o Pentateuco é composto de uma série de narrativas correlatas, que o último redator ou revisor utilizou como "documentos" formulados definitivamente, mas submetendo-os a uma revisão do conjunto. Contudo, esta hipótese se depara com dificuldades, quando passa ao estudo dos códigos legais.
b) A hipótese dos fragmentos (Geddes, Vater, e De Wette até certo ponto) parte do estudo dos códigos legais do Pentateuco. Estes códigos dão a impressão de serem fragmentos mais ou menos extensos, autônomos e independentes entre si, e de terem sido colocados uns ao lado dos outros no Pentateuco, sem uma vinculação interna. Com base nesta descoberta, procurou-se captar o processo de formação de todo o Pentateuco, partindo-se da elaboração redacional desses fragmentos legislativos e narrativos. Contudo, logo que se procure aplicar esta hipótese às secções narrativas, tornar-se quase impossível entender a existência da construção planificada e da cuidadosa ordenação de todo o conjunto, bem como a cronologia que lhe é correlata ⁸.
c) A hipótese complementar (Ewald ⁹, até certo ponto; Bleek, Tuch, Frz. Delitzsch) procurou resolver o problema, admitindo que uma só fonte constitui o núcleo do Pentateuco, ou seja, o chamado documento básico [Grundschrift], eloísta e de composição unitária, que foi completado depois por elementos javistas. Ewald, cuja opinião se identificava essencialmente com a da primeira hipótese dos documentos, bem cedo se afastou da hipótese complementar e, como outros, passou a admitir duas fontes eloístas que teriam sido reescritas, fundidas e completadas por um autor javista. Ewald estabelece, assim, uma certa ligação entre a primeira hipótese dos documentos e a hipótese complementar (e semelhantemente Schrader).
d) A segunda hipótese dos documentos (Hupfeld, Rieнм, Dillмann, Frz. Deliтzscн) admite a existência de três fontes preexistentes e originalmente autônomas: duas eloístas e uma javista, que um redator final refundiu e combinou. Depois que Riенм fez valer, mais tarde e quase universalmente, a tese defendida por De Weттe, segundo a qual o Deuteronômio é obra autônoma e distinta dos demais livros do Pentateuco, passou-se a ter uma base crítico-literária, na qual se admitiam quatro componentes primitivos e se determinava a ordem de sucessão das partes. Utilizando as abreviaturas hoje universalmente aceitas, teremos a seqüência: P (Priesterschrift, “Documento Sacerdotal”) – E (Eloísta) – J (Javista) – D (Deuteronomista) ¹⁰.
e) As pesquisas posteriores provocaram, em breve, fortes mudanças na opinião relativa à ordem cronológica destas fontes. Depois que Reuss* e Vaткe deixaram de considerar o documento conhecido pela abreviatura P como o mais antigo, e lhe atribuíram uma data bastante tardia, sua posição foi amplamente aceita, sob a influência das pesquisas de Graf, Keunen* e Wellнausen*. Este novo ponto de vista pode ser expresso como segue: J é o documento mais antigo do Pentateuco; P não se situa no começo da história da fé javista, mas pertence a um estádio bastante posterior. Deste modo, teremos a ordem de seqüência: J-E-D-P. Desde então, esta seqüência foi admitida quase universalmente na pesquisa posterior, como também sua datação, embora com certas hesitações, e recentemente, também com a tendência a admitir-se uma época mais antiga: para J o século IX, para E o século VIII, para D o século VII e para P o século V.
Desta opinião divergem sobretudo König, Orelli e Strack, entre outros, que consideram E como a fonte mais antiga e admitem uma data mais recuada: E teria surgido por volta de 1200, J por volta de 1000, D por volta de 700-650, e P por volta de 500 a.C.; Dillмann, Graf Baudissin* propõem a sequencia E-J-P-D e também uma data um pouco mais antiga: E, 900-850; J, 800-750; P, 800-700, e D, 650-623 a.C.: e Kaufмann, com a tese segundo a qual P seria a fonte mais antiga ¹¹.
f) Além de muitos estudiosos do AT, que a partir de então tem adotado a opinião de Graf, Kuenen e Wellнausen, não faltam aqueles que a rejeitam, modificam ou pretendem substituir a segunda hipótese dos documentos.
Devemos mencionar, sobretudo, as seguintes tomadas de posição: muitas vezes procurou-se defendera a unidade literária do Pentateuco e sua autenticidade mosaica. Assim, entre outros , Möller ¹², MacDonald ¹³, Jacoв ¹⁴, Aalders ¹⁵, Young* e Raвasт ¹⁶. Também Levy ¹⁷ e Wiseмan ¹⁸ procuraram argumentos que sirvam de apoio à tradição ¹⁹. Apesar da validade de suas considerações e observações no que diz respeito aos pormenores, tais opiniões em nada contribuíram para resolver o problema da origem do Pentateuco. Representam, em verdade, os inevitáveis movimentos de defesa contra a investigação crítica. Klosтerмann ²⁰ e Roвerтson ²¹ propugnam uma espécie de teoria da cristalização (Eissfeldт)*, segundo a qual as demais partes do Pentateuco foram-se agrupando paulatinamente em torno da lei mosaica, durante sua recitação em público.
Erdмann ²² e Daнse ²³ reprovam a opinião dos que admitem a preexistência de fontes circulantes, recusando-se a tomar como critério ²⁴ para isto a diversidade dos nomes divinos, e defendem uma espécie de hipótese complementar ²⁵.
Löнr ²⁶ admite que Esdras tenha compilado uma material que remontaria a Moisés. Seria, assim, o redator do Pentateuco. Deste modo renova, até certo ponto, a hipótese dos fragmentos.
Baseados nos estudos feitos por J. Pedersen para o conhecimento da mentalidade israelítica e ao mesmo tempo admitindo a hipótese de uma tradição oral que teria persistido até depois do exílio, Engnell ²⁸ e outros consideram como inconsistente e mesmo impossível a distinção entre as fontes. Também desta maneira de abordar a história das tradições, e mesmo abstraindo das concepções arbitrárias conexas, a respeito da história religiosa, é indisfarçável a preocupação em se manter dentro da tradição em face da crítica ²⁹.
Volz e Rudolpн ³⁰ rejeitam a teoria de uma fonte E. Enquanto Voltz considera E e P apenas como produtos de uma reelaboração de J, Rudolpн considera como independentes não somente P, mas também certos trechos de E, que ele, no entanto, interpreta como interpolações introduzidas em J ³¹. Também Mowinckel ³² se voltou ultimamente contra a hipótese de E como fonte autônoma. Em vez disto, considera o material como sendo ampliações e reformulações posteriores de J, feitas com base no material das variantes surgidas no decorrer do tempo. Deste modo, o Javista se transforma de invariatus em Javista variatus.
Para Winneт ³³, os livros de Êxodo e Números contêm uma tradição continuada que teria surgido no norte de Israel, sem a presença de outras fontes isoladas, e teria sofrido uma revisão antes do exílio (deuteronomista) e outra depois do exílio (P).
Em Cassuтo ³⁴, encontramos uma espécie de hipótese dos fragmentos. Segundo ele, o Pentateuco seria uma obra homogênea e originária da época dos profetas. Na construção dessa obra teria sido utilizada uma parte do material das numerosas tradições correntes em Israel, tendo sido ela reelaborada tantas vezes, que na multiplicidade e da multiplicidade, resultou uma obra unitária.
Todas essas opiniões nada mais indicam do que uma advertência a nos convencermos cada vez mais da solidez e da credibilidade dos fundamentos lançados pela segunda hipótese dos documentos no que respeita à divisão das fontes do Pentateuco.
3. Novas abordagens. - No entretanto, as pesquisas sobre o Pentateuco tiveram prosseguimentos por formas muito diversas. Sem negar a validade das bases ou dos princípios relativos à divisão das fontes, elas conduziram, por um lado, à tentativa de aperfeiçoar esse método e, por outro lado, trouxeram novos conhecimentos e nova percepção, que levaram a uma reformulação dos conceitos de "hipótese" e de "documento".
a) Na pesquisa crítico-literária observou-se o empenho por aperfeiçoar a análise. As fontes aparecem sem homogeneidade e compostas de várias camadas ou filões.
Depois que Sᴄʜʀᴀᴅᴇʀ ³⁵, Bᴜᴅᴅᴇ ³⁶ e Bʀᴜsᴛᴏɴ ³⁷ deram início ao processo de distinguir em J diversos fios de narrativas, isto aliás no sentido de um afrouxamento da hipótese dos documentos, uma vez que se abandonou a tese de um único autor a trabalhar segundo um plano premeditado, Sᴍᴇɴᴅ ³⁸ deu um passo decisivo no sentido de se admitir que a conhecida fonte J não era um documento unitário nem foram ampliado com acréscimos, mas, antes, constava de duas fontes onde aparece de ambos os lados o nome divino de Javé. A estas duas fontes ele deu, respectivamente, o nome de J¹ e J², contando a partir de então com cinco fontes do Pentateuco, ao mesmo tempo em que as apresentava seguinte ordem cronológica: J¹ - J² - E - D - P. Esta tese foi aceita, embora com ligeiras modificações, entre outros por Eichrodt ³⁹, Holzinger ⁴⁰, Meinhold ⁴¹, Eissfeldt ⁴², Simpson ⁴³ e Fᴏʜʀᴇʀ ⁴⁴. Eissfeldt, por sua vez, substitui a designação J¹ pela de L (Laienquelle, "fonte leiga"), para indicar a diferença desta fonte em confronto com o interesse sacerdotal e cultual que se observa em P, ao passo que Fᴏʜʀᴇʀ prefere designá-la com a sigla N, em vista do seu pronunciado sabor nômade. Independentemente de Sᴍᴇɴᴅ, Morgenstern ⁴⁵ admite a existência de uma fonte quenita [K, abrev. de Keniter-Quelle], surgida por volta de 900 a.C., no sul da Palestina, e Pfeiffer ⁴⁶, uma fonte mais antiga (S), surgida em Seir ou no sul da Palestina, no século X a.C. Em contraposição com estas teses, Hölscher pretendeu, mais do que ninguém, demonstrar a unidade de J, mas teve de reconhecer como pertencendo ao seu J, dado tratar-se de duplicatas, uma série de trechos que, no entanto, parecem bem antigos e quadram perfeitamente com o referido J. Por outro lado, ele atribuiu a J certas passagens que perturbam visivelmente o rito da narrativa e destoam do contexto de seu J.
Procksch ⁴⁸ propôs uma divisão para E, supondo a existência de uma fonte E¹, escrita no reino do Norte, e uma variante E², produto de ampliações e que teria surgido em Judá, depois da ruína do reino setentrional. Mas nesta tese seria preferível falar em ampliações no sentido da hipótese complementar.
O caráter compósito de P já era reconhecido de longa data, principalmente no que se refere ao surgimento paulatino dos conjuntos jurídicos (Wᴇʟʟʜᴀᴜsᴇɴ). Segundo Vᴏɴ Rᴀᴅ ⁴⁹, P é constituído de duas correntes paralelas (Pᴬ e Pᴮ), a mais nova das quais apresenta caráter predominantemente cúltico e sacerdotal e é a que mais se estende em informações sobre pessoas e datas. Esta tese vai muito além da hipótese de um conjunto básico, ampliado posteriormente por diversos acréscimos. E aqui poderíamos perguntar se, precisamente no que se refere ao material legislativo, a aplicação da hipótese complementar e da hipótese dos fragmentos não nos ofereceria uma explicação mais satisfatória.
b) A pesquisa sobre a história ds formas e dos motivos, praticada em larga escala primeiramente por Gunkel e Gressmann, modificou até certo ponto a conceituação referente aos "documentos". A atenção se voltou do aspecto qualitativo e específico das fontes para as narrações e para os materiais em particular, a fim de captar a fase pré-literária, o nascimento e o desenvolver da tradição oral, sua situação histórico-vital (Sitz im Leben) e a natureza da religião do povo. A partir daí, as fontes se revelam, não como obras literárias de grandes personalidades e compostas segundo um plano bem determinado, mas como compilações de elementos populares, transmitidos desde tempos imemoriais e recolhidas, não por indivíduos mas por escolas. Daí resulta claramente que todas as fontes, mesmo as mais recentes, contem material antigo e constituem, por isso mesmo, conjuntos de natureza muito mais complexa do que se supunha antigamente. Isso é tanto mais válido a partir do momento em que se redescobre, em proporção cada vez maior, a tradição do Antigo Oriente em seus aspectos comparativos. A pesquisa, principalmente a pesquisa condições legais e da arte de narrar, conduziu a resultados notáveis, ainda que não indiscutíveis, e haverá de trazer ainda novos conhecimentos.
A isto se acrescenta o estudo da história das tradições, que, ao contrário do conceito de história da tradição, proposto por Engnell, se atém à distinção das fontes, mas procurando recuar para além desta etapa e investigando o paulatino desenvolver-se da tradição atual, no decurso de sua longa história. Para isto, é preciso acompanhar os diversos ciclos de tradições e determinar sua idade, suas relações mútuas e sua recíproca influência. Baseado nestes dados, Noth ⁵⁰ identifica, aliás de modo muito esquemático, cinco temas básicos da tradição em estudo: o Êxodo, a conquista da terra, a promessa feita aos patriarcas, a condução do povo através do deserto e a revelação do Sinai. A moldura temática que já existia foi preenchida com materiais narrativos, como o das pragas do Egito, da celebração da Páscoa, do Baal Peor (Beelfegor) e de Balaão, e da história de Jacó a leste do Jordão. Com outros enquadramentos e com a utilização de tradições isoladas, como a novela de José e as genealogias, os temas foram pouco a pouco se desenvolvendo.
Se, depois de tudo isto, voltarmos o olhar para os primórdios das fontes e considerarmos o seu desabrochar ao longo de vários estágios, de modo cada vez mais crescente, veremos que a pesquisa do Pentateuco se torna de tal modo complexa, que as datas propostas pelas "hipóteses" podem valer apenas como seu começo. Naturalmente é um começo necessário, de onde devem partir, de novo, todos os que se dedicam ao estudo do Pentateuco, para poder então recolocar a questão da origem das fontes do Pentateuco.
Referências Bibliográficas
Introdução ao Antigo Testamento, Vol. 1, E. Sellin, G. Fohrer, Ed. Paulinas, pág. 136-148
Notas
¹ I. de La Peyrère em seu livro, publicado anonimamente: Praeadamitae (1651), opina que Moisés se utilizou de determinadas fontes e que certas partes do Pentateuco provém dele.
² B. Spinoza, em seu Tractatus Theologico-Politicus (1670), admite a existência de vários fios de uma mesma tradição e uma redação final executada por Esdras, a partir de vários fragmentos.
³ R. Simon, em sua Histoire critique du Vieux Testament (1678), só as leis considera como mosaicas e tudo o mais ele atribui a escribas analistas inspirados.
⁴ J. Clericus (J. de Clerc), em Sentiments de quelques théologiens de Hollande etc. (1685), admite que muitas partes surgiram posteriormente e que a redação final foi executada pelo sacerdote mencionado em 2Rs 17,27s, na época que se seguiu à queda do Reino do Norte de Israel.
⁵ B. Witter, Jura Israelitorum in Palaestinam terram Chananaeum commentatione etc. (1711)
⁶ J. Astruc, Conjectures sur les mémoires dont il paroit que Moyse s'est servi etc. (1753)
⁷ Eichhorn: duas fontes principais, eloísta e javista; Ilgen: dois eloístas e um javista (chamado de jeovista, durante muito tempo, por causa de leitura errada do nome de Javé).
⁸ Enquanto o sacerdote inglês A. Geddes (1792, 1800) admite a existência de numerosos fragmentos na época de Salomão e provenientes de dois círculos de autores (reconhecíveis pelo uso dos nomes de Javé e Eloim), J. S. Vater desenvolve a teoria segundo a qual o Pentateuco surgiu a partir de trinta e nove peças autônomas, tendo o Deuteronômio como núcleo.
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