A hipótese de Wilke, em homenagem ao teólogo Christian G. Wilke , é uma proposta de solução para o problema sinótico, afirma que o Evangelho de Marcos foi usado como uma das fontes para a composição do Evangelho de Lucas, em seguida, ambos (Marcos e Lucas) foram usados como fontes para o Evangelho de Mateus. Assim, postula a prioridade marconiana e a posterioridade mateusiana.
A história e o desenvolvimento da teoria
Gottlob C. Storr, em seu livro inovador Über den Zweck der evangelischen Geschichte und der Briefe Johannis, publicado em 1786, argumentou a favor da prioridade de Marcos, questionando se Marcos seria uma fonte para Mateus e para Lucas, já que estes dois últimos estavam relacionados. Storr propôs, entre outras possibilidades, que o evangelho canônico grego de Mateus foi adaptado a partir de uma versão anterior do Mateus aramaico¹ (os logia de que fala Papias), seguindo Marcos principalmente, mas também tirando material de Lucas, embora ele mais tarde passou a se opor a isso.
Essas ideias pouco foram apreciadas até 1838, quando C. G. Wilke revitalizou a hipótese da prioridade de Marcos e desenvolveu o argumento para a posterioridade de Mateus. Christian H. Weisse, que era contemporâneo de Wilke, ao mesmo tempo argumentou de maneira independente para a prioridade de Marcos, mas com Mateus e Lucas usando independentemente Marcos e outra fonte conhecida como Q, essa teoria é conhecida como a Hipótese das Duas Fontes. Outros estudiosos alemães apoiaram a hipótese de Wilke, no século XIX, mas com o tempo a maioria veio a aceitar a hipótese das duas fontes, que continua sendo a teoria dominante até hoje.
A hipótese de Wilke recebeu pouca atenção até as últimas décadas, quando foi revivida em 1992 por Huggins , em seguida por Hengel , em seguida, de forma independente por Blair. O apoiadores recentes desta teoria incluem Garrow e Powell.
As Evidências
A maioria dos argumentos a favor da hipótese de Wilke segue a mesma linha dos argumentos da hipótese mais conhecida de Farrer, que aceita a prioridade de Marcos mas rejeita a fonte Q. A diferença então é no sentido da relação de dependência entre Mateus e Lucas.
Argumentos em favor da posterioridade de Mateus incluem:
• A versão de Mateus da tradição dupla aparece mais desenvolvida no texto e na estrutura do que em Lucas, que parece mais primitivo. A mesma observação é feita pelos defensores da hipótese das duas fontes, que consideram que Lucas adere melhor aos originais de Q.
• Mateus parece ter deliberadamente reorganizado suas fontes para recolher ensinamentos em cinco blocos grandes (por exemplo, o Sermão da Montanha), o que faz mais sentido do que Lucas reorganizando Mateus em fragmentos dispersos.
• Na tradição dupla, a linguagem de Mateus, muitas vezes, mantém características caracteristicamente que são encontradas em Lucas .
• A ocorrência frequente de parelhas em Mateus pode indicar empréstimo de relatos semelhantes em duas fontes diferentes.
Esquema da Teoria de Wilke: o Evangelho de Marcos é o mais antigo, e é usado como fonte por Lucas. Mateus é o último evangelho a ser composto, usando tanto Marcos como Lucas como fontes.
Notas
¹ O chamado Mateus aramaico seria o suposto evangelho de Mateus original, escrito em aramaico, do qual teria sido feita a tradução para o grego. Todavia todos os evangelhos que temos foram escritos originalmente em grego, sendo que não há sinal de que tenha sido traduzidos de um idioma semitico.
Referências Bibliográficas
Além do já citado livro de Storr,
sugiro conultar a memória original: Der Urevangelist oder exegetisch
kritische Untersuchung über das Verwandtschaftsverhältniß der drei ersten Evangelien, de Christian Gottlob Wilke (1838)
Introdução ao Novo Testamento, W. Kümmel, Ed. Paulinas
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