sexta-feira, 12 de julho de 2013

Desenvolvimento do Canon Bíblico cristão

Os canons bíblicos cristãos são os livros cristãos considerados como divinamente inspirados e que constituem a Bíblia Cristã. Os livros incluídos nos canons bíblicos cristãos do Antigo e Novo Testamento foram decididos por volta do século 5 pela Igreja Católica, e reafirmados no movimento da Reforma protestante no Concílio de Trento (1546). Os canons bíblicos da Igreja da Inglaterra, dos Calvinitistas, e da Igreja Ortodoxa foram decididos definitivamente pelos 39 Artigos (1563), a Confissão de Fé de Westminster (1647) e pelo Sínodo de Jerusalém (1672), respectivamente. Os canons do Antigo e Novo Testamento não se desenvolveram independentemente um do outro, e muitas fontes primárias para o cânon especificam tanto os livros do Antigo e do Novo Testamento.

O Antigo Testamento (às vezes abreviado como AT), é a primeira seção de duas partes do canon bíblico cristão, e é baseado na Bíblia Hebraica, mas inclui muitos livros deuterocanonicos ou Anagignoskomena, dependendo da denominação cristã em questão.

Seguindo a Veritas Hebraica de Jerônimo, o Antigo Testamento protestante consiste nos mesmos livros da Bíblia Hebraica, mas a ordem e a numeração dos livros são diferentes. Os protestantes numeram os livros do Antigo Testamento como sendo 39, enquanto que os judeus os enumeram como sendo 24. Isto acontece porque os judeus consideram Samuel, Reis e Crônicas como a forma um único livro cada, e o grupo de 12 profetas em um único livro, e também consideram Esdras e Neemias como um único livro.

A explicação tradicional para o desenvolvimento do canon do Antigo Testamento descreve dois conjuntos de livros: Os livros protocanônicos e os deuterocanônicos (ou Apócrifos bíblicos). Em acordo com essa teoria, muitos Padres da Igreja aceitaram a inclusão dos livros deuterocanônicos baseando-se em sua inclusão na Septuaginta ( o mais notável destes padres foi certamente Agostinho de Hipona), enquanto outros disputaram seus status e não os aceitaram como Escrituras divinamente inspiradas (destes o mais notável foi Jerônimo). Michael Burber, um teólogo católico romano, argumenta que essa reconstrução é grosseira.

Livros do Antigo Testamento

A Bíblia Hebraica ou Tanakh

Cânone comum ao Judaísmo, Samaritanismo e Cristianismo (excetuando-se a minoria das denominações protestantes chamada às vezes de New Testament only Christians, que rejeitam o "Antigo Testamento")

Genesis
Exodo
Levitico
Números
Deuteronômio

Canon comum ao Judaísmo e Cristianismo, exceto pelos Samaritanos

Josué
Juízes
Rute
1-2 Samuel
1-2 Reis
1-2 Crônicas
Esdras
Neemias
Ester
Salmos
Provérbios
Eclesiastes
Cânticos de Salomão
Isaías
Jeremias
Lamentações
Ezequiel
Daniel
Profetas Menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias)

Estes livros são apenas um na Bíblia Judaica, e são chamados "Trei Asar" ou "Doze"

Livros incluídos por católicos romanos, ortodoxos, mas excluídos por judeus, samaritanos e pela maioria dos protestantes:

Tobias
1 Macabeus
2 Macabeus
Sabedoria de Salomão
Eclesiástico ou Ben Sira
Baruque, incluindo a Carta de Jeremias (Adições à Jeremias)
Adições à Daniel
Adições à Ester

Incluídos pelos Ortodoxos (Sínodo de Jerusalém)

1 Esdras
3 Macabeus
4 Macabeus (em apêndice, mas não canônico)
A Oração de Manassés
Salmo 151

Incluídos pelos ortodoxos russos e ortodoxos etíopes

2 Esdras

Incluído pelos ortodoxos etíopes

Jubileus
Enoque
1, 2 e 3 Meqabyan

Incluídos na Bíblia Peshita Siríaca

Salmos 152-155
2 Baruque ou Baruque Siríaco

O desenvolvimento do canon do Novo Testamento

O desenvolvimento do canon do Novo Testamento, assim como o do Antigo Testamento, foi um processo gradual.

Irineu nota e menciona 21 livros que terminariam por fazer parte do Novo Testamento, os livros excluídos eram Filemon, Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 3 João e Judas. Por volta do começo do século II, Orígenes de Alexandria pode ter usado os mesmos 27 livros do moderno Novo Testamento, embora ele ainda disputasse a canonicidade de Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2 e 3 João e o livro do Apocalipse. Tais livros são parte dos Antilegomena.

Do mesmo modo, por volta do ano 200, o fragmento muratoniano nos mostra que existia um conjunto de escritos cristãos como bem similar aos que agora compõe o Novo Testamento, que incluía quatro evangelhos e argumentava contra as objeções à eles. Deste modo, enquanto havia uma boa medida para debate na Primitiva Igreja sobre o canon do Novo Testamento, a maior parte dos escritos era aceitos por quase todas as autoridades cristãs pela metade do segundo século da nossa era.

Em sua carta da Páscoa de 367, Atanásio, Bispo de Alexandria, deu uma lista dos exatos mesmos livros que se tornariam o canon do Novo Testamento, e ele usou a palavra "canonizado" (kanonizomena) ao se referir à eles. O primeiro concílio que aceitou o presente canon católico (o canon de Trento) pode ter sido o Concílio de Hipona no Norte da África (em 393 d.C); os atos deste concílio, no entanto, estão perdidos. Um breve sumário destes atos foi lido e aceito pelo Concílio de Cartago em 397 e 419. Estes concílios estavam sobre a autoridade de Santo Agostinho, que considerou o canon como fechado. O Concílio de Roma do Papa Damásio I, em 382, se o Decreto Gelasiano estiver corretamente associado à isso, emitiu um canon bíblico idêntico ao citado acima, ou se a lista não é, pelo menos, uma compilação do sexto século. Do mesmo modo, a comissão de Damásio da edição Vulgata Latina da Bíblia, cerca de 383, foi um instrumento da fixação do canon no Ocidente. Em 405, o papa Inocêncio I enviou uma lista dos livros sagrados ao bispo gaulês Exsuperius de Toulouse. Quando estes bispos e concílios falavam sobre este assunto, contudo, não estavam definindo algo novo, mas ao invés "eles estavam ratificando o que já tinha se estabelecido na mente da igreja".

Deste modo, a partir do quinto século, existia uma unanimidade no Ocidente referente ao canon do Novo Testamento, tal como ele é hoje, e por volta da mesma época a Igreja Oriental, com poucas exceções, tinha aceitado o Livro do Apocalipse, e assim entrou em harmonia no assunto canon do Novo Testamento. Contudo, finalizações oficiais do canon não foram feitas até o Concílio de Trento de 1546 para o Catolicismo Romano, os Trinta e Nove artigos de 1563 para a Igreja da Inglaterra, a Confissão de Fé de Westminster de 1647 para o Calvinismo e o Sínodo de Jerusalém de 1672 para os ortodoxos gregos.

Livros do Novo Testamento

Mateus
Marcos
Lucas
João
Atos dos Apóstolos
Romanos
1 Coríntios
2 Coríntios
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Filemon
Hebreus
Tiago
1 Pedro
2 Pedro
1 João
2 João
3 João
Judas
Revelação (Apocalipse)

Referências Bibliográficas

Bruce, F. F. The Books and the Parchments. (Fleming H. Revell Company, 1963) p. 109.
H. J. De Jonge, "The New Testament Canon," in The Biblical Canons. eds. de Jonge & J. M. Auwers (Leuven University Press, 2003) p. 315.
The Cambridge History of the Bible (volume 1) eds. P. R. Ackroyd and C. F. Evans (Cambridge University Press, 1970) p. 308.
F. F. Bruce, The Canon of Scripture (Intervarsity Press, 1988) p. 234, 235

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