Antilegomena são
os escritos cristãos que são "disputados" ou, literalmente, as obras
em que há alguém que "falou contra". Este grupo é distinto dos notha ("espúrios ou
"rejeitados") e se opõe aos "Homologoumena" ("escritos aceitos", como os Evangelhos canônicos).
Os antilegomena ou escritos sob disputa foram
amplamente lidos no Cristianismo primitivo e incluem obras muito conhecidas como a
Epístola de Tiago, a Epístola de Judas, Segunda Epístola de Pedro,
a Segunda e Terceira Epístola de João,
o Apocalipse, o Evangelho dos Hebreus,
os Atos de Paulo, o Pastor de Hermas, o Apocalipse de Pedro,
a Epístola de Barnabé e o Didaquê .
Em muitas línguas e tradições, o termo homologoumena é considerado uma alternativa viável
aos termos dogmáticos protocanônico edeuterocanônico, com a única exceção sendo os livros que não
estão hoje presentes em nenhum dos cânones cristãos da Bíblia. Assim, em várias tradições pelo mundo, os livros deuterocanônicos do Antigo
Testamento também são conhecidos
como "Antilegomena do
Antigo Testamento", por exemplo.
O primeiro grande historiador eclesiástico, Eusébio de Cesareia, em
sua História Eclesiástica (iii
25.3-5) , aplicou o termoantilegomena às
obras sob disputa da igreja antiga.
Entre os
escritos em disputa que são, apesar disso, reconhecidos por muitos, ainda
existem as assim chamadas epístolas de Tiago e de Judas, também a segunda
epístola de Pedro, e as que são chamadas de segunda e terceira epístolas de
João, se pertencem ao evangelista ou a outra pessoa de mesmo nome.
Entre os escritos rejeitados estão os Atos de Paulo, o chamado Pastor, o
apocalipse de Pedro e além disso a ainda sobrevivente epístola de Barnabé,
além do chamado "Ensinamentos dos Apóstolos" [Didaquê]; e além
disso, como eu disse, o Apocalipse de João, se parece apropriado, que alguns,
como eu disse, rejeitam, mas que outros colocam entre os livros aceitos. E
entre estes alguns também colocaram o Evangelho dos Hebreus, com o qual os Hebreus que aceitaram Cristo são especialmente deslumbrados.
E todos estes estão entre os livros disputados.
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— História Eclesiástica (iii
25.3-5), Eusébio de Cesareia
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A Epístola aos Hebreus está também
listada em um capítulo anterior (iii 3.3):
Não é de fato direito passar por cima do
fato de que alguns rejeitam a epístola aos Hebreus, dizendo que ela é
disputada pela igreja de Roma, sob a
alegação de que ela não teria sido escrita por Paulo.
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— História Eclesiástica (iii
3.3), Eusébio de Cesareia
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O Codex Sinaiticus, um manuscrito do século IV d.C. e
possivelmente uma das Cinquenta Bíblias de Constantino, inclui o Pastor de Hermas e a Epístola de Barnabé. A Peshitta original (cuja porção do Novo Testamento é do século V d.C.) exclui II e III João, II Pedro,Judas e o Apocalipse, ainda que algumas edições modernas, como a Peshitta de Lee de 1823, já os
inclua.
Durante a Reforma Protestante, Martinho Lutero levantou o assunto dos antilegomena entre os Padres da Igreja. Ele questionou Hebreus, Tiago, Judas e
Apocalipse
Ferdinand Christian Baur utilizou
o termo em sua classificação das Epístolas paulinas, classificando Romanos, I e II Coríntios e Gálatas como homologoumena; Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses e Filemon como antilegomena; e as Epístolas
Pastoraiscomo "notha" (escritos
espúrios). No uso corrente luterano, antilegomena descreve
os livros do Novo Testamento que
tem uma posição dúbia no cânon. Atualmente são as
epístolas de Tiago e Judas, II Pedro, II e III João, o Apocalipse de João e a
Epístola aos Hebreus .
Referências:
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