Quem escreveu o Evangelho de Mateus?
O evangelho de Mateus é “anônimo”: o autor não é mencionado dentro do texto, e em nenhuma parte ele alega ter sido uma testemunha dos eventos narrados no evangelho, e a inscrição “de acordo com Mateus” não faz parte das primeiras edições do texto. A Tradição que foi o discípulo Mateus começa com o bispo cristão Papias de Hierópolis, que escreveu: “Mateus registrou os ditos de Jesus (ou Logia) no dialeto hebraico (en Hebraïdi dialektōi tanto pode significar hebraico ou aramaico), e todos os transladaram (hērmēneusen ou “interpretaram”) da melhor forma possível. Embora essa declaração implique que o Evangelho de Mateu tenha sido escrito em Hebraico ou Aramaico e transladado para o Grego, a passagem é ambígua, e o texto grego de Mateus não revela detalhes que denunciem marcas de uma tradução ou translação. Os estudiosos propuseram várias teorias para explicar esta passagem de Papias: Talvez Mateus tenha escrito dois evangelhos, um, agora perdido, em hebraico, e outro em uma versão grega; ou talvez os Logia fossem uma coleção de ditos ao invés de um evangelho propriamente dito; ou por dialektōi Papias quisesse ou tencionasse dizer que Mateus escreveu no “estilo judeu” ao invés da “língua hebraica”.
O autor do evangelho de Mateus se baseou em três fontes primarias, cada uma delas representando uma comunidade distinta: uma coleção hipotética ou múltiplas coleções de ditos conhecida como “Q”, que também foi compartilhada por Lucas; o evangelho de Marcos e o material exclusivo de Mateus, chamado de “M”, que pode ter sido originário do próprio Mateus. Ele escreve para um público judeu: assim como “Q” e “M”, ele salienta a continua relevância da lei judaica, e ao contrário de Marcos ele nunca se aborrece de explicar os costumes judeus; e ao contrário de Lucas, que traça a ascendência de Jesus até Adão, o pai da raça humana; Mateus traça a genealogia de Jesus até Abraão, o pai dos judeus. O conteúdo do "M" sugere que esta comunidade era mais rigorosa do que os outras em sua atitude para manter a lei judaica, afirmando que elas devem exceder os escribas e os fariseus em "justiça" (aderência com a lei judaica), e apenas três citações de "M" referem-se a uma "igreja" (ecclesia), um grupo organizado, com regras para manter a ordem.
Referências Bibliográficas
An introduction to the New Testament and the origins of Christianity, Delbert Burkett Cambridge University Press
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