O sacrifício humano é
o ato de se matar um ou mais seres humanos, geralmente como oferecimento à uma
divindade, como parte de um ritual religioso. Sua tipologia é próxima às várias
práticas de sacrifícios animais em geral. O sacrifício humano tem sido pratico
em várias culturas ao longo da história. As vítimas era tipicamente mortas de
uma maneira que era entendida agradar ou aplacar deuses, espíritos ou mortos,
como exemplo de uma oferta propiciatória, ou ou como um sacrifício de retenção
quando os servos do rei são mortos para que eles continuem a servir o seu
mestre na próxima vida. Relatos de prática parecidos são encontrados em algumas
sociedades tribais que eram canibais e caçadores de cabeça. Na Idade do Ferro,
com os desenvolvimentos associados nas religiões (A chamada Era Axial), o
sacrifício humano se tornou casa vez menos comum no mundo antigo, e se tornou
menosprezado e visto como bárbaro nas eras pré-modernas (Antiguidade Clássica).
Nos tempos modernos,
até mesmo a prática de sacrifício animal tem virtualmente desaparecido da maior
parte das religiões, e o sacrifício humano se tornou extremamente raro. A
maioria das religiões condena a prática, e no presente tempo e com as leis seculares
isso é tratado como assassinato.
Sacrifícios Humanos atestados no Antigo Testamento
É interessante notar o
que Voltaire diz em seu Traité sur la Tolérance:
Moisés ordenou matar
todas as crianças do sexo masculino e todas as mães e dividir o espólio
(Números 31). Os vitoriosos encontraram nos campos 675.000 ovelhas, 72.000
biusm 61.000 asnos e 32.000 mulheres jovens; fizeram a partilha e mataram o
resto (Números, Cap. 31, vers. 32 e seguintes). Vários comentadores acreditam
mesmo que trinta e duas jovens muleres foram imoladas ao Senhor: “Cesserunt in partem Domini triginta duae
animae” (Números Cap. 31, vers. 40)
Com efeito, os judeus
imolavam homens à divindade Iahweh, como o testemunha o sacrificio de Jefté ¹,
como o testemunha o rei Agague, cortado em pedaços pelo sacerdote Samuel ². O
próprio Ezequiel (Cap. 39, Vers. 20) lhes promete, para encorajá-los, que vão
comer carne humana: “Irão comer o cavalo e o cavaleiro; beberão o sangue dos
príncipes”. Vários comentadores aplicam dois versículos dessa profecia aos
próprios judeus e os outros aos animais carniceiros.
Notas
¹ Pelo texto (Juízes, 11, 39), é certo que Jefté
imolou sua filha. Dom Calmet, em sua Dissertation
sur le voeu de Jephté, escreve : “Deus não aprova esses votos, mas
quando foram feitos, quer que sejam cumpridos, mesmo que fosse para punir
aqueles que os faziam ou para reprimir a leviandade demonstrada ao fazê-los, se
não tivessem receado o cumprimento”. Santo Agostinho e quase todos os Padres da
Igreja condenam a ação de Jefté. É verdade que a Escritura (Juízes, 11, 29) diz que ele foi possuído
pelo espírito de Deus, e São Paulo, em sua Epístola
aos Hebreus (11, 32), elogia Jefté; ele o coloca ao lado de Samuel e Davi.
São Jerônimo, em sua Epístola a Juliano,
escreve: “Jefté imolou sua filha ao Senhor e é por isso que o apóstolo o
enumera entre os santos.” Aí estão, de parte e de outra, julgamentos sobre os
quais não é permitido emitir o nosso; devemos até mesmo ter medo de arriscar
um.
² Podemos considerar a
morte do rei Agague como um verdadeiro sacrifício. Saul tinha feito esse rei
dos amalequitas prisioneiro de guerra e o havia levado por acordo feito, mas o
sacerdote Samuel lhe havia ordenado de não poupar nada. Tinha prometido a ele
pessoalmente: “Mata tudo, desde o homem até a mulher, até as crianças e e até
aqueles que ainda estão mamando” . Dom Calmet diz: “Samuel cortou o rei Agague
em pedaços, diante do Senhor, em Gilgal. O zelo de que estava animado esse
profeta lhe pôs a espada nas mãos nessa ocasião para vingar a glória do Senhor
e para confundir Saul.” Vemos, nesse caso fatal, um voto, um sacerdote, uma
vítima: era portanto um sacríficio.
Fica claro no episódio de Abraão, em que Deus ordena a ele o sacrifício de seu filho, que o drama ali instalado não é propriamente o sacrifício humano, mas, sim, o fato dele ter que imolar seu primogênito. Se a ordem fosse contrária aos princípios então aceitos, seria natural que Abraão duvidasse que fosse Deus quem ordenava, o que não ocorreu, ao contrário, foi logo obedecendo.
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