É muito comum muitas
pessoas afirmarem que o nome de Deus, segundo a Bíblia, é Jeová. Convém
analisarmos essa afirmação em duas partes: Primeiro se, efetivamente, a biblia cita o nome de
deus, e segundo, se este nome é Jeová.
A única referência que
temos com relação à isso é quando Moisés perguntou o nome de Deus no monte
Horeb, teve como resposta: "Eu sou o que sou". Isso em hebraico é Yod
Hé Váu Hé, que se representa YHWH. Traduzido e adaptado para as línguas latinas
dá Yav´h, Javé ou Jeová. Mas isso não é um nome, é apenas a reprodução da frase
citada (Eu sou o que sou).
Apesar da discussão
sobre sua origem e significado, muitos afirmam que os sons vocálicos originais
doTetragrama YHVH jamais serão
conhecidos, estando perdida a pronúncia original. Tal posição
tem levado a debates apaixonados sobre o assunto, tanto por parte de eruditos
como de religiosos, o que têm produzido interessantes conclusões. Esta
controvérsia vem sendo travada por muitos anos. Atualmente, muitos eruditos parecem favorecer o
nome “Javé” (ou “Iahveh”), de duas sílabas. Mesmo assim no hebraico ou aramaico não
se usavam vogais, pois o alfabeto nos quais estas línguas eram escritas
eram composto apenas por consoantes.
A historiadora Karen
Armstrong, em seu livro The History of God nos elucida ainda mais: Embora
afirme ser o deus de Abrãao, essa divindade [que é Javé], diferente em muito
daquela que amistosamente se sentou e partilhou uma refeição com Abrãaao.
Inspira terror e insiste na distancia. Quando Moisés lhe pede o nome e as
credenciais, Javé responde com um jogo de palavras que daria trabalho aos
monoteístas durante séculos. Em vez de simplesmente revelar seu nome, responde:
“Eu Sou Quem Eu Sou” (Ahyeh Asher Ehyeh). O que significa isso? Ao contrário do
que afirmariam filósofos posteriores, Deus por certo não quis dizer que era o
Ser auto-subsistente. O hebraico ainda não tinha uma dimensão tão metafísica,
levaria quase 2 mil anos para adquiri-la. A resposta parece mais direta. Ehyeh
Asher Ehyeh é uma expressão idiomática deliberadamente vaga. Na Bíblia, uma
frase como “Eles foram onde foram” equivale a “Não tenho a menor ideia de onde
eles foram”. Assim, quando Moisés lhe pergunta quem é, na verdade Deus
responde: “Não interessa quem eu sou!”, ou “Não é da sua conta!”. Não se
discutiria a natureza de Deus e com certeza não se tentaria manipulá-lo como os
pagãos às vezes faziam, ao recitar os nomes de seus deus. Javé é o
Incondicionado: Eu serei o que serei. Será o que quiser e não dará garantias. Simplesmente
promete participar da história de seu povo. O mito do Êxodo se revelaria
decisivo: conseguiu infundir esperança no futuro, mesmo em circunstâncias
adversas.
Manfred Lurker é ainda
mais direto: Jeová é a forma empregada do século XIII em diante como designação
de Javé. Resulta da adição das vogais da palavra hebraica Adonai, “Mestre”,
“Senhor”, às consoantes do tetragrama YHVW. Esta forma, cujo caráter espúrio
(falso) pode ser demonstrado, foi adotada pelas “testemunhas de Jeová”
Ou seja, a bíblia
não fala o nome de Deus. E Yav´h, Javé ou Jeová não podem ser considerados como
nome de Deus
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
Uma História de Deus, Karen Armstrong,
Ed. Companhia das Letras, [2012] pág. 37
Dicionário dos Deuses e dos Demônios, Manfred
Lurker
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